Série conhecendo o Pai Nosso - Pois Teu é o Reino, o poder e a glória para sempre Amém (9)

A parte final da oração do Pai Nosso inclui, em nossa tradução atualizada de Almeida, a expressão: “Pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém!”. Tal expressão aparece entre colchetes, o que significa que não consta do texto grego adotado. Mas consta de outros manuscritos, como se pode verificar por edições do texto grego acompanhadas de aparato crítico. 



É muito de se esperar que tal expressão, mesmo que não apareça em alguns dos manuscritos antigos, fosse sugerida pela própria oração, como um acabamento apropriado. Há uma perspectiva futura, apocalíptica na doxologia.

Toda religião enaltece algum aspecto do que foi criado, como plantas, animais e rios. Há quem adore raios e trovões, vulcões e fontes termais. Há os que prestam culto Às entidades invisíveis, como mortos, anjos e orixás. Há o culto dos astros! Há mesmo, embora em menor escala, a adoração do que poderíamos chamar de a criação-criadora, a saber, o homem. Mas o cristianismo é excepcional entre as religiões porque exalta o Criador e não as criaturas.

Mas a Escritura ensina que só o Criador merece culto. Se unirmos numa só enumeração o conteúdo dos cânticos apocalípticos, teremos uma lista surpreendente de predicados divinos: glória, honra, poder, riqueza, sabedoria, força, louvor, domínio, santidade, ações de graças.

O apocalipse vai além do Pai Nosso. Mas o Pai Nosso não fica a dever, com o final que tem: “Pois Teu é o Reino, o poder e a glória para sempre Amém”.

Conclusão:

A oração do Pai Nosso é, como insistimos em todo o estudo, uma oração de compromisso. Um compromisso que se revela na relação transcendente – nossa relação com Deus – buscando santificar o nome Dele e promover a realização de Sua vontade em todos os segmentos da visa, partindo para isso, de uma relação íntima com o Pai, tão íntima que permita que nós o chamemos de “Abba”.

Esse compromisso, contudo, não se esgota na relação vertical (com o Pai), mas se expressa na concretude da vida. No relacionamento com o próximo, na partilha do “pão de amanhã” e no perdão das dívidas a vontade de Deus vai sendo realizada e a petição/compromisso “Venha o Teu Reino” vai ganhando corpo, forma e realização.

Diante destes desafios, a petição “não nos deixes cair em tentação” é a nossa esperança de que, com a força e proteção do Pai, poderemos viver o compromisso que nasce quando fazemos esta oração.


O Pastor Júlio Andrade Ferreira nos propõe uma paráfrase interessante do Pai Nosso que serve-nos como um resumo e com a qual encerraremos nosso estudo:

Pai Nosso, Senhor dos crentes, entronizado nos céus, e que, pelo poder e pela bondade, tens criado a terra, fazendo nela a tua habitação.

Tomamos consciência de tua presença. Juntando-nos à realidade universal, glorificamos o teu Ser e proclamamos a grandeza do teu nome.

Venha o Teu Reino, a saber, a expressão plena de tua vontade. Que teus propósitos sejam alcançados, enquanto estamos na vida corpórea, assim como teremos de fazer depois que formos absorvidos por tua eternidade.

Até lá, dá-nos os recursos necessários à nossa subsistência: a veste, a habitação, o alimento. Mas que não queiramos fazer de tuas dádivas maldição, cumulando-as em nossos celeiros, em detrimento dos outros.

Aceita-nos, como é de se esperar que aceitemos aqueles com os quais estamos em convívio, em amor e perdão.

Protege-nos, para que não sejamos envolvidos por tramas malignas, tão freqüentes ao nosso redor. Guarda-nos de nós mesmos, para não sermos arrastados por nossas inclinações egoístas.

Tua é a autoridade e a decisão.

A Ti seja o nosso reconhecimento ininterrupto!

Amém.

Deus nos abençoe e nos permita viver de acordo com a oração que Jesus nos ensinou.

Pr. Giovani Zainotte


Bibliografia:
O Pai Nosso – Revista em Marcha – Imprensa Metodista – 1988.
Ferreira, Júlio Andrade – A oração de Jesus – Editora Ultimato – 2003.
Bíblia de Estudo de Genebra – Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil – 1999.

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