Série Conhecendo o Pai Nosso - Não nos deixes cair em tentação (8)

A tentação aqui está ligada ao conceito da “Abominação da Desolação”. Este é o nome do anjo da décima praga no Egito, que promoveu a matança dos primogênitos. Este mesmo “Anjo” aparece em outros textos bíblicos e irá simbolizar a grande tentação, a tentação final. No livro de apocalipse aparecerá com o nome de “Grande Tribulação”.
.
Deste modo, na expectativa do Reino e da sua vinda, a súplica do cristão que vive a sua vida em função deste mesmo Reino é que ele possa resistir à grande tentação, à grande tribulação.
-
Mas antes de nos precipitarmos em conclusões a respeito da Tentação, vamos olhar que a súplica não fala sobre o cristão não passar pela tentação. Não é uma súplica para que Deus poupe os cristãos de sofrerem essa tentação; antes, é um pedido de socorro para que Deus possa livrar os discípulos de caírem diante dela.
.
Essa petição irá ganhar força a partir das perseguições que a igreja sofreu. Testemunhar a fé para os cristãos acabará sendo o caminho do martírio. Essas perseguições serão vistas como promovidas pelo anjo “Abominação da Desolação” e resistir a ela será a prova de fogo para os cristãos que buscaram viver a sua vida de acordo com a oração do Pai Nosso.
-
Nosso problema não é o de solicitar que Deus tire todas as tentações da vida e da experiência humana. É pedir forças para resistir e permanecer fiel no meio das tentações.
.
É também um reconhecimento da nossa pequenez. Paulo disse: “Aquele, pois, que pensa estar de pé veja que não caia”. (I Co. 10.12). Há certa ironia na expressão: “pensa estar de pé”. Já que é possível nem mesmo estar de pé, quanto mais estar firme! A santificação não é um estágio, mas um processo. Não é uma situação estática que foi atingida, mas uma luta contínua, renovada. Um Pedro cheio do Espírito Santo e que se torna instrumento para a conversão de 3 mil pessoas pode tornar-se repreensível, por sua dissimulação (At. 2.37-41; Gl 2.11-14). É natural, pois, que Jesus não nos ensine somente a pedir pão e perdão. Devemos pedir também proteção: “Não nos deixes cair em tentação”.
.
Deste modo, essa última petição é a única que não aparece em forma de compromisso, mas em forma de súplica. Não há outro caminho para o cristão viver esse compromisso senão o de buscar a força de Deus em sua vida. Para que possamos viver esse compromisso, poderiam dizer os cristãos, não nos deixes cair diante das tribulações que provêm deste novo modo de vida.