ESQUECER, UM SEGREDO PARA VENCER. FP. 3.12-14

As vezes fico pensando em quantas coisas a gente pensa em mudar em nossas vidas. Acordamos de manhã e declaramos cheios de fé: “a partir de hoje...”. No período entre o fim de um ano e o início de outro então, ficamos cheios de planos, projetos.

Ao mesmo tempo que penso nestas coisas, penso em quantas destas coisas ficam só no desejo. Quantos desses planos não saem do papel. Quantos dias terminam sem que a famosa frase “a partir de hoje...” se cumpra. Quantas coisas nós queremos que sejam diferentes em nossas vidas, mas continuam da mesma forma.

Muitas coisas poderiam ser levantadas como causas para isso. Mas nesta reflexão eu gostaria de abordar pelo menos um dos motivos que mais nos impedem de mudar, de viver em novidade de vida: um passado marcado por sérias feridas.

Muitos de nós vivemos experiências traumáticas. O que é um trauma? Segundo o dicionário, trauma é um impacto ou choque moral ou emocional capaz de causar uma neurose, é um conjunto de distúrbios físicos ou psíquicos, ocasionados por uma violência exterior.

Isso quer dizer, que muitos de nós vivemos experiências que nos levam a dores profundas. Coisas que só de serem lembradas provocam em nós os piores sentimentos. São lembranças, são traumas, são sentimentos. Essas coisas afetam em muito nossa vida. Nosso passado pode exercer muita influência sobre nosso presente e nosso futuro.

Existem, por exemplo, mulheres que tem medo de casarem-se porque presenciaram suas mães sendo espancadas por seus pais e agora tem medo de que seus maridos façam o mesmo com elas.

Ou ainda pessoas que se entregam ao alcoolismo, aos vícios porque presenciaram seus pais beberem durante toda sua infância, toda sua adolescência.

Existem pessoas que temem disputar um concurso público, uma vaga de emprego, ou qualquer outra coisa, porque sempre ouviram de seus pais, por exemplo, palavras de desânimo, de descrédito.

Conta-se que Martinho Lutero, grande nome da Reforma Protestante, tinha dificuldades de chamar Deus de Pai, porque seu pai não era um bom referencial. Então quando chamava Deus de pai, tudo de ruim que ele havia vivido com seu pai vinha à tona.

Ou seja, muitos de nós, não conseguem mudar coisas hoje, não conseguem mudar atitudes, histórias, não conseguem ter uma vida nova, porque estão presos no passado, nas experiências violentas, traumáticas do passado. Quando tentam mudar algo, parece que algo prende, o medo, a insegurança, as incertezas provocadas por terríveis experiências nos impedem de avançar.


E o que fazer diante disso? Queremos vida nova, então como fazer?

Vejamos alguns personagens bíblicos:

José – Invejado e vendido por seus irmãos, acusado injustamente pela mulher de Potifar, esquecido pelo companheiro que havia ajudado a sair da prisão. Esse homem tinha tudo para ter uma vida miserável, amargurado, revoltado. Deus? José teria humanamente falando, tudo para se revoltar contra Deus.

Jefté – Fruto de uma aventura extra conjugal de seu pai com uma prostituta. Posto para fora de casa por seus irmãos, também tinha tudo para ser uma pessoa revoltada.

Davi – Como conseqüência de seu pecado com Betsebá, seu filho está muito mal, prestes a morrer. Davi ora jejua por dias, mas seu filho morre. Que dor! Davi após essa experiência tinha tudo para desistir de tudo, quem sabe até desacreditar de Deus que não atendeu suas orações e seu jejum.


Todos esses homens tinham um futuro terrível pela frente. Nada de bom parecia estar preparados para eles. Mas o que na verdade acontece com esses homens?

José se torna uma grande autoridade no Egito. Homem de confiança de Faraó, o que ele dizia era ordem no Egito.

Jefté se torna em um importante guerreiro que dá uma grande vitória para o povo de Israel.

Davi, depois dessa história, conquista muitas coisas, aumenta se reino, e entra na história como o homem segundo o coração de Deus.

Como estes personagens bíblicos conseguiram vencer o passado doloroso? ESQUECENDO! Aí vem o grande ensinamento de Paulo. Parafraseando: “Eu já fiz e vivi muita coisa ruim, que marcaram profundamente a minha vida, mas uma coisa faço, esquecendo-me...”

Veja a história de José, quando seus irmãos precisaram dele, ele demonstrou não ter mágoa. E quando seu filho nasce, ele demonstra o segredo de todas as coisas. O nome de seu filho é Manasses, que quer dizer “Deus me fez esquecer de todo o meu trabalho, e de toda a casa de meu pai. Aí está o segredo que Paulo está nos ensina, presente na vida de José. Gn. 41.51

Jefté na hora em que foi procurado por seus irmãos, poderia deixar a ira, o remorso, a amargura e não pelejar, mas aceitou, mesmo que tirando alguma vantagem, e foi livrar seus irmãos da morte. Ou seja, ele conseguiu esquecer o sofrimento causado por seus irmãos. Jz 11.

Davi, após ter jejuado e orado por dias, a criança morre. Davi não se prostra, levanta-se, toma banho, se unge, se arruma e vai para a casa do Senhor louva-lo. II Sm 12. Ou seja, ele reagiu a dor. Ele não se prendeu as amarras, ele esqueceu.

Perceba, ao falar que eles esqueceram, não estou falando em amnésia. Nunca mais se lembra, nunca mais vem a memória. O esquecimento de José, de Jefté, de Davi e do próprio Paulo quer dizer cura. Quando José põe o nome de seu filho de Manasses e diz que Deus o fez esquecer, está dizendo que ele foi curado das feridas do passado, não é que ele não sabe mais o que seus irmãos fizeram com ele. Jefté da mesma forma. Davi não deixou de lembrar da morte de seu filho, mas foi curado das feridas causadas por esse triste acontecimento.

O Senhor nos convida não a apagar de nossas mentes os fatos ruins que vivemos, pois isto é impossível. O que Deus quer fazer é nos curar, afim de estes fatos não sejam como amarras que nos impeçam de caminhar hoje. Deus quer trabalhar em nossas vidas de forma a que o medo, a incerteza, a ansiedade e outros sentimentos provocados pelas experiências do passado sejam desfeitos, a fim de possamos ter uma vida nova, avançar, progredir.

Peçamos essa graça a Ele nesse momento. Deixemos Ele trabalhar em nossas almas, supliquemos a bênção de dizer como Paulo: “Esquecendo-me das coisas que para traz ficam, prossigo...” Sim, prossigo para um ano novo, uma vida nova em Cristo Jesus. Esse Jesus que diz: “Eis que faço novas todas as coisas” Ap. 21.5 - ALELUIA!!!

Deus nos abençoe,
Rev. Giovani Zainotte

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