Enfrentando a ansiedade


A Palavra ansiedade na concepção do Novo Testamento grego.

No Novo Testamento, a palavra merimna, (ansiedade, cuidado), aparece 4 vezes nos evangelhos sinóticos, uma vez em Paulo e uma vez em 1 Pedro.

Quando algum dos autores bíblicos a usam estão pensando em uma reação natural do homem diante da pobreza, fome e outros problemas que lhe sobrevém no decurso da sua vida diária. O homem oprimido pelos fardos que são colocados sobre ele, se imagina entregue a uma sina diante da qual fica desamparado. Através dos seus cuidados, o homem procura se proteger da melhor forma possível daquilo com que se confronta.

A idéia central do sermão do monte é uma crítica à ansiedade, por ser ela um erro que nega o cuidado e o amor de Deus, ao supor que o homem pode garantir seu próprio futuro ao obter, temporariamente, aquilo que precisa para seu sustento. Isto é um erro, pois no Reino de Deus, todas as necessidades dos homens se colocam no seu lugar certo, porque o amor de Deus providencia coisas grandes e pequenas igualmente, bem como necessidades de todo os dias e as mais especiais.

Penso que a grande causa da ansiedade seja a incerteza. Veja, quando o povo de Israel estava no deserto, Deus fazia com que o maná caísse do céu, e o povo queria guardar o que sobrasse para o dia seguinte. Por que? Porque não tinham certeza que no dia seguinte o milagre se repetiria.

Um ditado popular declara o seguinte “na vida só temos uma certeza, a de que um dia vamos morrer”. Não concordo com esse ditado, mas uma coisa é certa e ele nos leva a refletir: vivemos uma vida de incertezas.

O dicionário Aurélio define a palavra incerteza ou incerto como algo indeterminado, impreciso, duvidoso, problemático, indistinto, inconstante.

Com base nestas definições do dicionário, pensemos na experiência de Abraão, seu chamado (Gn 12). Hoje, quando lemos a história de Abraão, achamos tudo muito bonito, tudo é muito idealizado, pois nos conhecemos o final desta história, o sucesso alcançado, etc, mas nos coloquemos no lugar de Abraão um pouco. Um homem de 75 anos, chamado a deixar tudo o que construiu até ali, deixar seus parentes e ir a um lugar incerto, tendo como garantia a palavra de um Deus ainda desconhecido para ele. Reflita um pouco nesta história e veja se as definições do dicionário não se enquadram perfeitamente no futuro que Abraão estava abraçando.

Talvez esse seja o caso que melhor nos ajude a identificar como nossas vidas são cheias de incertezas, mas a Bíblia está cheia de casos assim, senão vejamos:

Davi: Recebe a unção para reinar, mas antes de acentar-se no trono, ele é traído, injustiçado, perseguido, quase morto por Saul. Pense em quantas vezes ele duvidou que chagaria onde Deus prometeu.

Josué: Chamado para suceder Moisés na direção de um povo tão complicado como o povo de Israel. Logo no início vemos o quanto ele fica assustado, a ponto de Deus ter que encoraja-lo.

Jonas: Comissionado a pregar aos ninivitas, ele tem de optar entre a obediência a Deus e as suas convicções. Consideremos que as convicções de Jonas eram bem menos importantes do que a vontade de Deus, mas eram suas convicções de vida, assim como nós temos as nossas, que muitas vezes nos levam a estarmos “incertos” quanto a determinadas decisões que temos que tomar.

Neemias: Diante do caos em Israel, ele se sente desafiado a reconstruir os muros, mas quantas vezes ele não colocou para contrapor na balança da vida, todos os impedimentos, as dificuldades, as possibilidades de falhas e viu, que do outro lado da balança, seus desejos poderiam ser bem menores.

Pedro e André: Chamados por um tal de Jesus, que até então era um ilustre desconhecido, deixam suas profissões e vão com Jesus. Imagine deixar tudo para seguir alguém que tem uma mensagem tão diferente, e que estava longe de ser unanimidade.

Muitos outros exemplos poderíamos usar nesta reflexão, porém esses já são suficientes para que cheguemos a uma conclusão: vivemos uma vida de incertezas.

Quando jovens são as incertezas sobre que profissão escolher, que curso fazer, sobre que caminhos trilhar, e logo vem a idade de construir uma família, e com ela as incertezas em relação a se vamos ter condições de sustentar uma casa, filhos, se vamos conseguir ter um padrão de vida digno. Em um país como o nosso essas incertezas são ainda maiores.

Há também as incertezas quanto à vida espiritual, será que estou no ministério certo, será que é isso que Deus realmente quer de mim, será que é esta mesmo a porta que Deus está abrindo, será que estou no centro da vontade de Deus.

A idade chega, e as incertezas continuam, perguntas sobre um futuro incerto pairam no pensamento dos idosos. A aposentadoria vai ser suficiente, meus filhos terão o futuro que espero para eles, será que ainda serei útil para alguém, útil na obra de Deus?

Como agir diante das incertezas da vida? Elimina-las é quase impossível, então como enfrenta-las?

1) Sabendo o que Deus tem planejado para nós (Jr. 29. 11-13; I Co. 2.9) Quando eu descubro que Deus tem um futuro de paz, coisas que de tão maravilhosas, não podem ser alcançadas pelo intelecto humano, então conseguimos enfrentar as incertezas.

2) Confiar no Senhor: (Sl. 125) Eu não conheço o meu amanhã, mas confio em um Deus que faz, que prepara o meu amanhã.

3) Estar sempre aos pés do Senhor: (Mt. 11.28) Todas as incertezas que temos levam-nos a um cansaço, às vezes ao desânimo, e até a desesperança. Nesse momento precisamos ouvir a doce voz de Jesus, nos atirar em seus pés e descansar debaixo das suas asas (Sl 57.1)

Esses princípios nos tornam capazes de enxergar por sobre as incertezas e visualizarmos um Deus que é dono do tempo, cura o passado, prepara o presente e projeta o futuro de vitórias para cada um de nós.

Deus nos abençoe,


Rev. Giovani Zainotte

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