Creio que o texto de II Rs 7 traz-nos lições muito
interessantes sobre o Evangelho de Cristo. Sim! Fazendo uma leitura desse texto
e pensando no Evangelho de Jesus, podemos aprender belas lições.
Leia comigo o texto de
Lc. 2. 9-11: “E aconteceu que um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do
Senhor resplandeceu ao redor deles; e ficaram aterrorizados. Mas o anjo lhes
disse: "Não tenham medo. Estou lhes trazendo boas novas de grande
alegria, que são para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o
Salvador que é Cristo, o Senhor.”
O anjo do Senhor tinha uma “Boa Nova”, uma “Boa
Notícia” para anunciar. Isso é Evangelho, o anúncio de uma Boa Notícia, de
novas de esperança, de sonhos, de possibilidades.
O texto de II Rs
mostra-nos um momento muito difícil. Uma grande fome estava assolando Samaria e
para piorar a situação, o Exército Sírio cercou a cidade. A situação era
desesperadora.
No meio dessa história,
surgem 4 personagens improváveis. Digo improváveis, pois eram leprosos, e os
leprosos nesse momento eram pessoas que precisavam manter distância, existiam
inclusive as cidades refúgio, lugares afastados onde eles viviam isolados (vide
que nossos “heróis” estavam “a porta da cidade”, vers. 3), quando entravam nas
cidades vinham amarrados a sinos e gritando: “leproso” para que todos tivessem
a oportunidade de manterem-se longe deles. Resumindo, eram excluídos do
convívio social.
Mas esses quatro
leprosos vão nos dar lições muito valiosas sobre o Evangelho. Venha comigo...
1. O Evangelho exige de nós
uma saída de nosso comodismo.
O texto nos fala que
esses homens estavam com fome, mas tranquilos, acomodados na porta das cidades.
Amados, nós temos a
tendência de nos acomodarmos a tudo, até a coisas que de princípio nos são
repulsivas. Desde um simples mau cheiro até situações de pecado, nos mais cedo
ou mais tarde, acabamos nos acostumando e acomodando.
Quando Jesus pergunta ao
cego se ele queria ver, ou ao aleijado no tanque de Betesda se queria ser
curado, a princípio nos parecem perguntas sem nenhum sentido, mas a questão é
que a doença deles já perdurava por longos anos e, dentro dos costumes
judaicos, havia se tornado um “ganha pão” para eles, já que os judeus se
sentiam na obrigação de ajudar com esmolas aqueles que estavam sendo
“castigados” por Deus com enfermidades. Por isso, a pergunta é se eles
realmente tinham interesse em sair daquela posição (na qual já poderiam estar
acomodados) e viver uma vida bem diferente da que por anos estavam tendo.
Infelizmente existem
pessoas acomodadas com em seus pecados, aponto de não sentirem mais incômodo
com tais práticas. Outros acomodados com situações vexatórias, desagradáveis,
mas sem expressar nenhuma atitude. Outros ainda conformados com uma vida cristã
medíocre, sem unção, sem frutos, sem o novo de Deus a cada dia.
Só que aqueles 4 homens
chegaram a uma conclusão que eu e você precisamos chegar também. Eles disseram
se nós ficarmos aqui, morreremos (vers. 3b). Essa é uma verdade a ser
absorvida! Se continuarmos acomodados, acostumados com coisas e situações que
desagradam a Deus, vamos morrer!
Quantos casamentos,
chamados, ministérios, sonhos, projetos mortos mediante nossa acomodação...
O Evangelho é para
pessoas que decidem sair de suas zonas de conforto, renunciar a estilos de vida
que ainda que sacie a carne, cotrariam a vontade de Deus. As Boas Novas dizem
para nós que a cada dia temos que negar a nós mesmos e tomarmos nossa cruz!
Isso nada tem a ver com acomodação.
2. O Evangelho nos traz
riscos
Outra conclusão que
chegaram nossos quatro heróis leprosos é que indo ao encontro da comida
poderiam morrer. Eles eram leprosos, não doidos... Consideravam os riscos.
Embora Evangelho
signifique boas notícias, dentro delas, das boas notícias não havia o slogan
“pare de sofrer” ou ainda “garantimos sombra e água fresca”. Veja a fala de
Jesus em Lc. 21.12:
“Mas antes de tudo isso,
prenderão e perseguirão vocês. Então os entregarão às sinagogas e prisões, e
vocês serão levados à presença de reis e governadores, tudo por causa do meu
nome.”
Deixe-me citar trechos
de notícias muito recentes:
“Em meio a isso, muitos
muçulmanos se voltaram contra os cristãos, a quem muitos acusam de ter apoiado
os inimigos de Morsi. Existem registros que pelo menos 52 igrejas foram
queimadas em várias cidades do país, alguns possuíam um grande valor histórico.
Escolas cristãs, mosteiros e instituições como a Sociedade Bíblica também foram
atacadas. Um grande número de casas pertencentes a cristãos também foram
atacadas, os mortos podem passar de 200. De acordo com um relato do jornal New
York Times, “muçulmanos têm pintado um ‘X’ preto nas lojas cristãs para marcar
quais seriam queimadas. Multidões atacaram igrejas e cristãos sitiados em suas
casas. Sabe-se de cristãos que foram mortos com golpes de facas e facões em
suas casas.”
Essas notícias são
relativas a fatos ocorridos no Egito e são do dia 27 de agosto de 2013.
Graças a Deus ainda não
enfrentamos esse tipo de perseguição, mas isso não quer dizer que não exista.
Facilmente somos tachados como quadrados, alienados, e outras coisas quando
defendemos valores bíblicos que o mundo diz serem ultrapassados. Quantas
histórias de pessoas que foram colocadas para fora de casa ao anunciarem sua
conversão. Ou ainda pessoas mandadas embora do serviço por não aceitarem
entrarem em “esquemas” sórdidos ou mesmo sustentarem mentiras de seus
superiores.
O Evangelho nos expõe
sim a riscos, seja de ser visto como um alienado, atrasado, seja por nos
impedir de sermos aceitos em alguns meios sociais, seja por nos colocar na alça
de mira dos inimigos da cruz!
3. O Evangelho é poder!
A cena descrita nos
versos 6 e 7 é no mínimo hilária. O poderoso exército sírio ouve sons como de
um grande exército com carros e cavalos, temem e fogem desesperadamente. No
verso 8, o “poderoso exército” composto por quatro leprosos, quem sabe até sem
algumas partes do corpo devido a lepra, invade o arraial sírio!
Paulo disse algo
tremendo: “Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a
salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego.” Rm. 1:16
O Evangelho é o improvável,
o fora do comum, o sobrenatural, o inesperado, o inexplicável chegando à minha
e na sua vida! É alguém destruído pelas drogas ter uma vida transformada, é
alguém sem razão nenhuma de existir se tornar a pessoa mais feliz, é o
casamento destruído ser restaurado, e família deixar de viver um inferno e
fazer do lar um pedaço do céu, Evangelho é poder!
4. Evangelho é para ser
compartilhado
Depois da entrada
triunfal de nossos heróis, algo triste acontece... Por duas vezes o texto
bíblico diz que eles escondem o que encontraram naquele local. Enquanto o povo
padecia de fome, eles enchiam a barriga e escondiam o resto ignorando o
desespero dos demais.
È inadmissível o que
eles fizeram. Imagine que na sua casa você, seus filhos, seu cônjuge estejam
passando fome, enquanto seu vizinho joga fora os alimentos de tanto que
estragam!
Pois é isso que fazemos.
Nesse momento vizinhos nossos estão famintos. Talvez não de pão, mas de
esperança, de paz, de consolo, de força... E nós, domingo após domingo,
comemos, comemos e ao sair do culto, escondemos tudo.
Deus nos abençoe,
Pr. Giovani Zainotte