Após
todo o drama da morte de Jesus, lemos com alegria o relato de sua ressurreição.
Nos alegramos com a fato de nosso Senhor ter vencido a morte. Celebramos numa
nova perspectiva a Páscoa.
Mas parece
que essa alegria da ressurreição não estava contagiando a todos. Foi
assim como os discípulos
no caminho de Emaús, que de tão
frustrados por conta de suas expectativas erradas, não
conseguiram reconhecer Jesus ao lado deles.
Nesta
reflexão gostaria de falar sobre Pedro. Ele havia acabado de ver
Jesus... Ali, na sua frente, nem precisou tocar como Tomé, já
se dera por satisfeito somente em vê-lo. Mas em seguida, imediatamente após
ver Jesus, Pedro diz: vou pescar...
Para
alguns, essa declaração não traz nenhum problema. Muitos em seus
momentos de lazer gostam de pescar. Para muitos talvez soe apenas como um
momento para relaxar, descansar, distrair, desestressar... Mas para Pedro não.
Para Pedro, esse "vou pescar" representava a retomada de um projeto
de vida abandonado a três anos. Mais do que isso, representava
um um projeto morto!
Sim, há
três anos, Pedro ouviu um chamado de Jesus de que lhe faria
pescador de homens. Ele aceitou esse chamado e largou as redes. Daquele em dia
em diante, Pedro não pescou mais, só
entrou em barcos para junto com Jesus se dirigir às multidões que careciam do Evangelho. Agora,
sua atitude é um grito, para que todos escutem em
alto e bom som: "eu estou voltando três anos da minha vida, retomando as
redes. Pescar homens é coisa do passado".
Mesmo
vendo Jesus ressurreto, parece que a mensagem o poder de ressurreição
não alcançava o coração de
Pedro.
Assim
acontece com muitos de nós. Temos o referencial teórico.
Conhecemos os relatos da ressurreição de Jesus. Comemoramos no culto de Páscoa,
mas... A vida de muitos continua morta. Nossas igrejas estão
cheias de mortos-vivos ou de vivos-mortos... Gente que canta, fala ouve sobre
vida, ressurreição, alegria. Mas vive uma realidade
muito diferente.
A
primeira boa notícia é que Jesus nunca desiste de nós.
Ele vai a praia e convida os discípulos para um churrasco. Como Jesus é
lindo. Cheio de glória, de poder, vencedor... porém acessível,
simples, humilde, próximo. Ele sempre se aproxima de
mim e de você também, quer fazer um churrasco conosco...
Por três
vezes ele pergunta se Pedro o ama. O mesmo número de vezes que Pedro o negou. É
evidente que a chave da restauração na vida de Pedro é
a cura das feridas abertas naquele momento de negação.
Ali o projeto morreu na vida de Pedro... Eu e você precisamos ter claro momentos que
mataram projetos, momentos cruciais que feriram a nossa alma e nos afastaram da
comunhão com o Senhor.
Para
cada uma das vezes em que o Senhor pergunta, creio que uma área
crucial está sendo curada. Três aspectos na vida de Pedro podem o
ter impedido de desfrutar da ressurreição de Jesus.
Reconhecimento
de nossa frágil humanidade
Pedro
conviveu durante três anos com um Jesus 100% humano, que
sempre fez questão de demonstrar suas limitações
humanas. Mas conviveu também com um Jesus 100% Deus. Ele viu
Jesus andando sobre as águas (até se arriscou também),
ele viu Jesus acalmando as forças da natureza com uma palavra, ele
viu Jesus curando enfermidades que ninguém podia curar, ele viu Jesus vencendo
forças espirituais que ele tinha medo de chegar perto, ele viu
Jesus ressuscitando pessoas... Meu Deus, ele teve contato com coisas muito
grandes! E talvez isso o tenha feito esquecer que ele era humano, frágil,
pequeno, falho.
Nos
constantemente nos esquecemos quem somos. Esquecemos que somos limitados,
esquecemos que somos de barro.
Mas do
que isso, temos medo de assumir nossa fragilidade. Evitamos chorar perto das
pessoas, evitamos expor nossos erros. Vivemos com capas que sejam capazes de
disfarçar as deformidades que carregamos. Por que? Porque é
ruim assumir publicamente que eu não sou tão bonitinho e bonzinho como todos
pensam. Eu as vezes invejo as coisas dos outros. Eu sinto ciúmes,
eu tenho vontade de socar outros, eu firo as pessoas, eu sou muito
complicado...
O Pedro
que diz que nunca negaria, que estava disposto a morrer por Jesus, ficou
exposto, mostrou a todos que não era tão corajoso assim, que não
era tão valente assim, que não era tão fiel assim. Quando ele falava,
disfarçava essas deformidades, mas quando os soldados chegaram e
sua vida correu risco, suas chagas foram expostas, e como isso é
ruim...
Mas
fique tranquilo. As deformidades de Pedro não eram maiores do que o amor de Jesus
por ele. O amor de Jesus por mim e por você é muito maior do que nossas limitações.
Ele nos ama e ponto, nos aceita, nos quer, nos atrai. Ele sabe como somos
melhor do que nos mesmo, afinal, foi Ele que nos fez!
Dificuldade
de lidar com a culpa
Na cabeça
de Pedro, não havia mais jeito do projeto ir à frente.
Nunca mais o vão respeitar. Agora sabem quem ele é.
E Jesus, como olhar nos olhos Dele? Pedro disse com tanta certeza, beirando a
soberba, que nunca o negaria...
Todos nós
temos coisas em nossas vidas das quais nos envergonhamos. Todos nós
temos tapetes onde escondemos coisas terríveis. Muitos de nós
temos sido atormentados por culpa, a ponto de não conseguirmos ter um relacionamento íntimo
com o Senhor. Sentindo-nos sujos demais para nos achegar a Deus. Indignos
demais para ser usado por Ele.
A culpa
nos corrói, nos rouba a alegria. A culpa nos paralisa. Mata nossos
projetos, nos faz ir pescar... Jesus quer nos curar.
Com uma
Graça que convida pecadores a serem participantes de seu Reino,
como amor que nos atrai para bem perto, com misericórdia que
se renova a cada manhã sobre nós... A culpa perdeu a vez, quando o
Cordeiro de Deus se entregou na cruz... Não temas Pedro, você
me negou, mas a cruz não te negará!
Dificuldade
de lidar com nossas fracassos.
.
Está
aí uma palavra que nós gostaríamos de eliminar de nossos vocabulários:
fracasso. Isso não é coisa de crente... Com Cristo e
vencer ou vencer, diz a Cassiane... Mas na caminhada a gente vai descobrindo
que não é bem assim.
Afirma
primeira pedra quem nunca fracassou em alguma área de sua vida. Desde os mais antigos
crentes, os mais envolvidos com a oração, os que ministram no altar da
igreja... Quem nunca fracassou?
Nossas
pregações nos apresentaram um Deus que se assemelha a um Pai
superprotetor, que não admite que seu filho passe por
frustrações. Dois resultados terríveis vem desse comportamento:
O
primeiro é aparecimento de filhos mimados. Infelizmente a igreja está
cheia de filhos mimados, que vivem ameaçando deixar a igreja, sair da presença
do Senhor por que as coisas não deram certo. Não
sabem lidar com as decepções, não sabem perder, não
sabe, viver...
O
segundo resultado terrível são filhos decepcionados com seus pais.
Claro, se nossos pais nos prometem uma vida isenta de obstáculos,
nós acreditamos. E quando a realidade vier, ou seja, as decepções
chegarem, vamos buscar um culpado, e evidentemente será o pai
super protetor. A igreja está
cheia de crentes decepcionados com Deus porque Ele não os
livros da frustrações, dos fracassos.
Mas o
culpado por isso não é Deus. A questão, é
que Deus não é esse tipo de pai! Ele sabe que a vida
nos reservará fracassos, e sabe mais, que esses
fracassos nos farão crescer... Muitos lugares que
chegamos até hoje, só chegamos por conta dos fracassos
anteriores. Vi uma entrevista um consultor dizia que nenhum empreendedor bem
sucedido, alcançou o sucesso sem ter fracassado duas
ou mais vezes. É utopia achar que a vida será
um mar de rosas. Jesus não ensinou isso, a Bíblia
não fala isso... E por mais que saibamos, negamos! Pois é
bom viver com a ilusão de que Jesus nos livrará
de tudo... Ainda não é tempo disso.
Na
terceira pergunta de Jesus a Pedro, talvez Jesus estivesse curando Pedro de sua
dificuldade em lidar com o fracasso. E como? Simplesmente estando com ele.
Andando com ele, chorando com ele e apontando caminhos. Nenhuma noite de choro é
grande o suficiente para nos fazer esquecer que uma manhã de
alegria vem chegando! O fracasso de hoje preconiza o sucesso de amanhã.
Vá em frente!
Conclusão
Jesus
teve paciência com Pedro. O ajudou no entendimento de sua humanidade
precária. Removeu sua culpa com amor e graça. E
caminhou com Ele em meio a dor do fracasso, apontando caminhos de conquista!
Foi
assim com Pedro, será assim comigo e com você!
Deus não desiste de nossas vidas. Nunca desistirá.
Deus nos abençoe,
Pr. Giovani Zainotte
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