E quando depois da Páscoa, não vejo ressurreição? Jo. 21



Após todo o drama da morte de Jesus, lemos com alegria o relato de sua ressurreição. Nos alegramos com a fato de nosso Senhor ter vencido a morte. Celebramos numa nova perspectiva a Páscoa.
Mas parece que essa alegria da ressurreição não estava contagiando a todos. Foi assim  como os discípulos no caminho de Emaús, que de tão frustrados por conta de suas expectativas erradas, não conseguiram reconhecer Jesus ao lado deles.

Nesta reflexão gostaria de falar sobre Pedro. Ele havia acabado de ver Jesus... Ali, na sua frente, nem precisou tocar como Tomé, já se dera por satisfeito somente em vê-lo. Mas em seguida, imediatamente após ver Jesus, Pedro diz:  vou pescar...

Para alguns, essa declaração não traz nenhum problema. Muitos em seus momentos de lazer gostam de pescar. Para muitos talvez soe apenas como um momento para relaxar, descansar, distrair, desestressar... Mas para Pedro não. Para Pedro, esse "vou pescar" representava a retomada de um projeto de vida abandonado a três anos. Mais do que isso, representava um um projeto morto!

Sim, há três anos, Pedro ouviu um chamado de Jesus de que lhe faria pescador de homens. Ele aceitou esse chamado e largou as redes. Daquele em dia em diante, Pedro não pescou mais, só entrou em barcos para junto com Jesus se dirigir às multidões que careciam do Evangelho. Agora, sua atitude é um grito, para que todos escutem em alto e bom som: "eu estou voltando três anos da minha vida, retomando as redes. Pescar homens é coisa do passado".

Mesmo vendo Jesus ressurreto, parece que a mensagem o poder de ressurreição não alcançava o coração de Pedro.

Assim acontece com muitos de nós. Temos o referencial teórico. Conhecemos os relatos da ressurreição de Jesus. Comemoramos no culto de Páscoa, mas... A vida de muitos continua morta. Nossas igrejas estão cheias de mortos-vivos ou de vivos-mortos... Gente que canta, fala ouve sobre vida, ressurreição, alegria. Mas vive uma realidade muito diferente.

A primeira boa notícia é que Jesus nunca desiste de nós. Ele vai a praia e convida os discípulos para um churrasco. Como Jesus é lindo. Cheio de glória, de poder, vencedor... porém acessível, simples, humilde, próximo. Ele sempre se aproxima de mim e de você também, quer fazer um churrasco conosco...

Por três vezes ele pergunta se Pedro o ama. O mesmo número de vezes que Pedro o negou. É evidente que a chave da restauração na vida de Pedro é a cura das feridas abertas naquele momento de negação. Ali o projeto morreu na vida de Pedro... Eu e você precisamos ter claro momentos que mataram projetos, momentos cruciais que feriram a nossa alma e nos afastaram da comunhão com o Senhor.

Para cada uma das vezes em que o Senhor pergunta, creio que uma área crucial está sendo curada. Três aspectos na vida de Pedro podem o ter impedido de desfrutar da ressurreição de Jesus.

Reconhecimento de nossa frágil humanidade

Pedro conviveu durante três anos com um Jesus 100% humano, que sempre fez questão de demonstrar suas limitações humanas. Mas conviveu também com um Jesus 100% Deus. Ele viu Jesus andando sobre as águas (até se arriscou também), ele viu Jesus acalmando as forças da natureza com uma palavra, ele viu Jesus curando enfermidades que ninguém podia curar, ele viu Jesus vencendo forças espirituais que ele tinha medo de chegar perto, ele viu Jesus ressuscitando pessoas... Meu Deus, ele teve contato com coisas muito grandes! E talvez isso o tenha feito esquecer que ele era humano, frágil, pequeno, falho.

Nos constantemente nos esquecemos quem somos. Esquecemos que somos limitados, esquecemos que somos de barro.

Mas do que isso, temos medo de assumir nossa fragilidade. Evitamos chorar perto das pessoas, evitamos expor nossos erros. Vivemos com capas que sejam capazes de disfarçar as deformidades que carregamos. Por que? Porque é ruim assumir publicamente que eu não sou tão bonitinho e bonzinho como todos pensam. Eu as vezes invejo as coisas dos outros. Eu sinto ciúmes, eu tenho vontade de socar outros, eu firo as pessoas, eu sou muito complicado...

O Pedro que diz que nunca negaria, que estava disposto a morrer por Jesus, ficou exposto, mostrou a todos que não era tão corajoso assim, que não era tão valente assim, que não era tão fiel assim. Quando ele falava, disfarçava essas deformidades, mas quando os soldados chegaram e sua vida correu risco, suas chagas foram expostas, e como isso é ruim...

Mas fique tranquilo. As deformidades de Pedro não eram maiores do que o amor de Jesus por ele. O amor de Jesus por mim e por você é muito maior do que nossas limitações. Ele nos ama e ponto, nos aceita, nos quer, nos atrai. Ele sabe como somos melhor do que nos mesmo, afinal, foi Ele que nos fez!

Dificuldade de lidar com a culpa

Na cabeça de Pedro, não havia mais jeito do projeto ir à frente. Nunca mais o vão respeitar. Agora sabem quem ele é. E Jesus, como olhar nos olhos Dele? Pedro disse com tanta certeza, beirando a soberba, que nunca o negaria...

Todos nós temos coisas em nossas vidas das quais nos envergonhamos. Todos nós temos tapetes onde escondemos coisas terríveis. Muitos de nós temos sido atormentados por culpa, a ponto de não conseguirmos ter um relacionamento íntimo com o Senhor. Sentindo-nos sujos demais para nos achegar a Deus. Indignos demais para ser usado por Ele.

A culpa nos corrói, nos rouba a alegria. A culpa nos paralisa. Mata nossos projetos, nos faz ir pescar... Jesus quer nos curar.

Com uma Graça que convida pecadores a serem participantes de seu Reino, como amor que nos atrai para bem perto, com misericórdia que se renova a cada manhã sobre nós... A culpa perdeu a vez, quando o Cordeiro de Deus se entregou na cruz... Não temas Pedro, você me negou, mas a cruz não te negará!

Dificuldade de lidar com nossas fracassos.
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Está aí uma palavra que nós gostaríamos de eliminar de nossos vocabulários: fracasso. Isso não é coisa de crente... Com Cristo e vencer ou vencer, diz a Cassiane... Mas na caminhada a gente vai descobrindo que não é bem assim.

Afirma primeira pedra quem nunca fracassou em alguma área de sua vida. Desde os mais antigos crentes, os mais envolvidos com a oração, os que ministram no altar da igreja... Quem nunca fracassou?

Nossas pregações nos apresentaram um Deus que se assemelha a um Pai superprotetor, que não admite que seu filho passe por frustrações. Dois resultados terríveis vem desse comportamento:
O primeiro é aparecimento de filhos mimados. Infelizmente a igreja está cheia de filhos mimados, que vivem ameaçando deixar a igreja, sair da presença do Senhor por que as coisas não deram certo. Não sabem lidar com as decepções, não sabem perder, não sabe, viver...

O segundo resultado terrível são filhos decepcionados com seus pais. Claro, se nossos pais nos prometem uma vida isenta de obstáculos, nós acreditamos. E quando a realidade vier, ou seja, as decepções chegarem, vamos buscar um culpado, e evidentemente será o pai super protetor.  A igreja está cheia de crentes decepcionados com Deus porque Ele não os livros da frustrações, dos fracassos.

Mas o culpado por isso não é Deus. A questão, é que Deus não é esse tipo de pai! Ele sabe que a vida nos reservará fracassos, e sabe mais, que esses fracassos nos farão crescer... Muitos lugares que chegamos até hoje, só chegamos por conta dos fracassos anteriores. Vi uma entrevista um consultor dizia que nenhum empreendedor bem sucedido, alcançou o sucesso sem ter fracassado duas ou mais vezes. É utopia achar que a vida será um mar de rosas. Jesus não ensinou isso, a Bíblia não fala isso... E por mais que saibamos, negamos! Pois é bom viver com a ilusão de que Jesus nos livrará de tudo... Ainda não é tempo disso.

Na terceira pergunta de Jesus a Pedro, talvez Jesus estivesse curando Pedro de sua dificuldade em lidar com o fracasso. E como? Simplesmente estando com ele. Andando com ele, chorando com ele e apontando caminhos. Nenhuma noite de choro é grande o suficiente para nos fazer esquecer que uma manhã de alegria vem chegando! O fracasso de hoje preconiza o sucesso de amanhã. Vá em frente!

Conclusão

Jesus teve paciência com Pedro. O ajudou no entendimento de sua humanidade precária. Removeu sua culpa com amor e graça. E caminhou com Ele em meio a dor do fracasso, apontando caminhos de conquista!

Foi assim com Pedro, será assim comigo e com você! Deus não desiste de nossas vidas. Nunca desistirá.

Deus nos abençoe,
Pr. Giovani Zainotte

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