Não ameis o mundo... 1Jo 2. 15-17



O Apóstolo João faz-nos uma importante declaração: Não ameis o mundo! Mas, de que tipo de mundo João está falando? Há três significados diferentes no Novo Testamento para a Palavra Mundo:

1.    O mundo físico, o universo – “Deus que fez o mundo e tudo que nele existe” (At. 17.24)

2.    O mundo humano, a humanidade – “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. João 3.16

3.     O mundo sistema, inimigo de Deus – “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo” 1 Jo. 2.15

É desse último que João está falando. Devemos amar o mundo como sinônimo de natureza e o mundo como sinônimo de pessoas; porém, o mundo como sinônimo de sistema, esse não podemos amar.

O termo grego “Kosmos” é definido por William Barcklay como a sociedade pagã com seus falsos valores, sua falsa maneira de viver e seus falsos deuses. O Kosmos é o sistema de satanás que se opõe à obra de Cristo na Terra. O mesmo João diz que "o mundo jaz no maligno" (1 Jo. 5.19), e o próprio Jesus chamou satanás de “o príncipe deste mundo” em Jo. 12 31.

O mundo é qualquer pessoa, relacionamento, estrutura social, circunstâncias ou situações que não foram redimidos pela Graça de Deus. O mundo é a sociedade independente de Deus, governo sem a linha do prumo de Deus, sistemas econômicos que não tem a soberania de Deus, indústrias e corporações sem interesse pelas pessoas ou pelos propósitos divinos.

As pessoas não salvas pertencem a esse sistema do mundo. Elas são filhas do mundo. Este mundo não conheceu a Cristo nem conhece a nós. Esse sistema odiou a Cristo e odeia a Igreja. Esse sistema do mundo não é o habitat natural do crente.

Nossa cidadania está no céu - Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo.”  Fp. 3.20.

Estamos no mundo, mas não somos do mundo  - Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.”  Jo. 15.15.

Estamos no mundo, mas o mundo não deve estar em nós, assim como a canoa está na água, mas a água não deve estar nela.

O sistema do mundo usa três armadilhas para derrubar o cristão: a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida.

Concupiscência da Carne

A carne fala daquelas tentações que nos atacam de dentro para fora. São desejos sórdidos. É o apelo para se viver o prazer imediato. É endeusar os prazeres puramente físicos e carnais. É viver sob o império dos sentidos.

A concupiscência da carne simboliza a vida dominada pelos desejos, com pouco respeito por nós mesmos e por outras pessoas, a ponto de usá-las como coisas.

A carne é a nossa natureza caída. São os impulsos e os desejos que gritam para ser satisfeitos. Estes desejos estão dentro do nosso coração. Segundo Augustos Nicodemus, a carne se refere aos desejos impuros, que incluem todos os pensamentos, palavras e ações não castos: fornicação, adultério, estupro, incesto, sodomia e demais desejos não naturais, quer à intemperança no comer e no beber, motins, arruaças e farras, bem como todos os prazeres sensuais da vida, que gratificam a mente carnal e pelos quais a alma é destruída e o corpo, desonrado.

Na idade média pessoas tentaram fugir dos desejos da carne se isolando em mosteiros, mas em nada resolveram o problema. Descobriram que o pecado não está apenas do lado de fora, mas está, sobretudo, do lado de dentro, em nosso coração. O sistema do mundo é a vitrine que busca satisfazer os desejos da carne.

A questão é quem está no controle de nossas vidas: O Espírito ou a carne, pois até coisas boas em si mesmas podem ser pervertidas quando nos controlam: comer não é um mal, mas a glutonaria sim. O sexo não é um mal, mas a imoralidade sim. O sono não é um mal, mas a preguiça sim... Quem controla você?

Concupiscência dos olhos

A concupiscência dos olhos são as tentações que nos atacam de fora para dentro. Aqui, falamos da tendência a deixar-nos cativar pela exibição externa das coisas, sem investigar os seus valores reais.

William Barclay diz que a concupiscência dos olhos é o espírito que não pode ver nada sem deseja-lo. É o espírito que crê que a felicidade se encontra nas coisas que pode comprar com o dinheiro e desfrutar com os olhos.

O sábio Salomão diz algo tremendo sobre a concupiscência dos olhos: “Não me neguei nada que os meus olhos desejaram; não me recusei a dar prazer algum ao meu coração. Na verdade, eu me alegrei em todo o meu trabalho; essa foi a recompensa de todo o meu esforço. Contudo, quando avaliei tudo o que as minhas mãos haviam feito e o trabalho que eu tanto me esforçara para realizar, percebi que tudo foi inútil, foi correr atrás do vento; não há qualquer proveito no que se faz debaixo do sol. Eclesiastes 2:10,11

O maior problema da concupiscência dos olhos é tentar fazer com que tentemos inutilmente preencher com coisas, pessoas e atividades o vazio que somente Deus pode preencher.

Os olhos são a lâmpada do corpo e as janelas da alma. Por eles entram os desejos. Eva caiu porque viu o fruto proibido. Ló viu as campinas do Jordão e for armando suas tendas para as bandas de Sodoma. Siquém viu Diná e a seduziu. A mulher de Potifar viu José e tentou deitar-se com ele. Acã viu a capa babilônica e arruinou-se, Davi viu Bate-seba e adulterou com ela e a espada não se apartou da sua casa.

Cuidado com os seus olhos. Se eles o fazem tropeçar, arranque-os, porque é melhor você entrar no céu caolho do que todo o seu corpo ser lançado no inferno.

A soberba da vida

A palavra grega usada aqui é alazoneia. Essa era uma expressão que os gregos usavam para falar da postura de algumas pessoas em atribuir a si mesmas qualidades tremendas que eles não tinham. O alazon era o indivíduo que falava com forasteiros (ou seja, que não lhe conheciam) sobre frotas de barcos que na verdade não tinham, de grandes negócios quando na verdade não tinham nada de valor. Fala de amizades com reis que lhe pedem conselhos, sem conhece-los, de sua mansão, quando mora em um casebre... É a tentativa de impressionar as pessoas com imagem, com propaganda e propaganda enganosa. A figura melhor seria a do fanfarrão...

Então a alazoneia, jactância ou soberba é a vanglória com coisas externas como riqueza, posição social, inteligência, poder, beleza, joias, carros, vestuário. É a ostentação pretenciosa. É gostar dos holofotes. É o desejo de brilhar ou de ofuscar os outros com uma vida luxuriosa.

Existem pessoas que que sacrificam a própria integridade para ostentar poder, posses e honras. Quem vive dominado pela soberba da vida, vive num esforço absurdo em impressionar a todos os que encontra com a própria fictícia importância. Vivem de aparência, na busca desenfreada por reconhecimento, por tapinhas nas costas, por bajulação...

O mundo passa...

Quem vive amando o mundo e o que nele há, precisa saber que o mundo vai passar e toda a obra que foi feita nessa perspectiva passa junto... O que fica? Aquele que faz a vontade de Deus.

Quando John Rockeffeler, o primeiro bilionário do mundo, morreu, perguntaram para o seu contador no cemitério: Quanto o Dr. John Rockeffeler deixou? Ele respondeu de pronto: Ele deixou tudo; ele não levou nenhum centavo...

Na verdade guardamos e levamos o que não vemos, o que não apalpamos... o amor com o qual amamos, a santificação que buscamos, a vida eterna que recebemos pela fé.

Uma pessoa mundana vive para os prazeres da carne, mas um cristão vive para as alegrias do Espírito. Uma pessoa mundana vive para as coisas que pode ver, segundo o desejo dos olhos, mas um cristão vive para as realidades invisíveis de Deus. O homem, portanto, que se apega aos caminhos mundanos está entregando sua vida ao que, literalmente, não tem futuro.

Então...

Não há meio termo: ou amamos o mundo ou amamos a Deus; Ou somos movidos pela carne com os valores do mundo, ou somos movidos pelo Espírito com os valores do Reino.

Precisamos orar para que o Espírito Santo encha nossas vidas, de intimidade com o Senhor (oração). Precisamos da Palavra, pois somos limpos pela Palavra (estudo e reflexão). Precisamos nos cercar de pessoas que nos ajudem nesse processo (discipulado).

Que o Senhor nos ajude,
Pr. Giovani Zainotte


Bibliografia:

1,2 e 3 João: como ter garantia da salvação - Hernandes Dias Lopes - São Paulo: Hagnos

Bíblia Shedd - São Paulo: Vida Nova

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