Quem nunca ouviu a parábola do porco e da galinha? A galinha alardeava sua imprescindível participação na mesa dos humanos cedendo ovos para o café. Mas ficou constrangida ao chegar o almoço e ver a participação do porco na feijoada que estava sendo servida. A moral da história é que a galinha estava envolvida ao doar seus ovos, mas o porco estava comprometido ao entregar sua vida!
Quando avaliamos o que temos vivido como igreja evangélica no Brasil parece-me que nossa realidade assemelha-se mais a galinha do que ao porco. Temos participado com nossa presença, com dinheiro, com trabalho, com opiniões, etc. Tal qual a galinha, temos participado, temos dado parte de nós.
Porém, quando leio relatos de mártires, homens e mulheres que foram mortos de formas cruéis por não negarem o Evangelho e, ao mesmo tempo, vejo hoje pessoas saindo das igrejas porque não foram cumprimentadas pelo pastor, pelo irmão, saindo porque discordaram de uma decisão, abandonando a Igreja por amarem mais as coisas do mundo, ou ainda, por não terem suas expectativas consumistas atendidas, vejo que estamos longe do comprometimento do porco.
Jovens justificam suas aventuras e desvios com sua pouca idade e inexperiência, esquecendo de tantos personagens bíblicos que, ainda jovens, foram levantados por Deus para realizarem grandes obras. Os mais experientes fazem dos feitos do passado e do cansaço argumentos para basearem suas vidas descompromissadas e inertes, ignorando relatos bíblicos de personagens que na “sua velhice continuavam dando frutos”. Enfim, a realidade é que temos visto pessoas descompromissadas, desaliançadas!
Há uma verdade a ser compreendida e vivida: O Reino de Deus não é para descompromissados. Ignorar essa verdade é ignorar o fato de que o dono desse reino é totalmente comprometido. Para desenvolvermos nosso nível de comprometimento, nós precisamos compreender as seguintes verdades:
Comprometimento começa no coração
Jesus disse algo que deveria nos vir à mente todas as manhãs: “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”. Mt. 6.21. Ou seja, nós colocamos nosso coração, nossa vontade, nossa vida naquilo que entendemos ser um tesouro.
Se olharmos para o Evangelho como uma fonte de bens, alegrias e demais coisas que preciso somente, ele fará parte da minha vida, parte de minha agenda, mas meu coração não estará nele. Se porém olharmos como um tesouro, aquilo que vai reger minha vida, então me comprometerei e estarei disposto a qualquer coisa. Responda: Seu coração queima pelas coisas de Deus? Lembre-se: se você as vê como tesouros então seu coração estará ali. Quando tentaram demover Neemias de seu propósito de reconstruir os muros de Jerusalém, ele responde: “não posso descer, pois estou fazendo (comprometido) uma grande obra”. É assim que você vê o Evangelho?
Comprometimento é avaliado pela ação
O texto áureo de João 3.16 mostra um Deus que amou de forma prática. Extrapolou o discurso enviando seu filho para morrer por nós. É natural no meio empresarial, escolar e outros acontecerem avaliações. É saudável, nos ajuda a detectarmos erros e buscarmos acertos. A própria palavra de Deus nos orienta a avaliarmos a nós mesmos.
Reflita: Se uma avaliação sobre seu comprometimento com as coisas de Deus fosse feita, qual seria o resultado? Você seria considerado uma pessoa comprometida com o Reino de Deus? Se suas ações, seu dia-a-dia, longe da igreja fossem analisadas, você seria quem na parábola do porco e da galinha?
Comprometimento pode ser medido
Em Mt. 8.22 Jesus impede que um discípulo volte para sepultar seus pais. Não há aqui uma desvalorização da família, mas uma medição do comprometimento. Das muitas lições que podemos tirar de Abraão levando Isaque para o sacrifício, uma delas é que seu comprometimento com Deus estava acima de tudo.
Existem níveis de comprometimento que vão crescendo à medida que vamos nos relacionando com Deus e conhecendo-o mais profundamente. Por isso Oséias nos exorta dizendo: “Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor”.
Comprometimento floresce com demonstração pública de sua responsabilidade
Já falamos que comprometimento é avaliado por ações. E essas ações precisam ser anunciadas, servirem de testemunho. O chamado de Jesus para nós é sermos luz, e luz que não pode estar debaixo de uma mesa, impedindo que ilumine a todos. É sermos sal, que precisa estar misturado para trazer sabor!
Ouvi uma frase que dizia: “Se falarmos as pessoas vão nos ouvir, se fizermos elas vão nos seguir”. Quando minhas atitudes demonstram meu comprometimento, as pessoas se envolvem, se disponibilizam, compram a idéia, o projeto.
Conclusão:
Não nos esqueçamos, o exemplo, o padrão é e sempre será Jesus! E ninguém foi tão comprometido como Ele. Ninguém se entregou tanto.
O Evangelho só pode ser vivido por nós de forma intensa, de outra forma ele não é Evangelho de Cristo. Pois este Evangelho, que Paulo declara ser o poder de Deus, não pode ser vivido apenas como parte de nossas vidas.
Que Deus nos abençoe poderosamente,
Rev. Giovani Zainotte